domingo, 5 de junho de 2016

O fim próximo da aventura golpista

Por Fernando Castilho

Imagem do julgamento de Nuremberg


Até que a ponte para o futuro sombrio seja implodida, muita coisa ainda poderá acontecer, mas há a grande possibilidade de que Dilma seja reconduzida ao poder. A aventura golpista, terá então consequências devastadoras na vida dos principais atores envolvidos nela.

Vinte longos dias de presidência interina de Michel Temer.

Não vou perder tempo falando da qualidade deste governo porque todos já sabemos que ela não existe.

O fato, que se percebe pelos protestos nas ruas, é que o povo brasileiro não aceita Temer, portanto, ele, sem querer, com sua política que pune e sacrifica os pobres, acaba por se tornar a mola motriz da resistência no país inteiro.

Das medidas impopulares contra a população trabalhadora, Temer evoluiu para a mesquinhez de tirar a alimentação e proibir as viagens por avião da FAB da presidenta.
Tiro no pé. O povo brasileiro ainda é muito solidário e não tolera injustiças como essa.

Enquanto isso, pelos lados do Senado, Anastasia, relator do processo de golpe, não aceita a inclusão dos áudios vazados que comprovam que o impeachment foi uma armação para derrubar Dilma e possibilitar que um novo governo desse fim à Lava Jato. Além disso, quer apressar a votação para que não haja tempo para os senadores indecisos se decidirem pelo voto contrário.

O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo recorre ao ministro Lewandowski para que este determine a inclusão dos áudios no processo. Se este cumprir a lei, o golpe sofrerá um duro golpe.

De qualquer forma, senadores como Cristovam Buarque, Romário e Acir Gurgacz já estão balançando e poderão votar pela permanência de Dilma. A corrida é contra o relógio mas há realmente agora a grande possibilidade da recondução de Dilma ao poder.

O fator povo é que pesa imensamente neste momento. A pressão popular é algo sensível aos senadores, homens sempre dependentes de votos que sabem que a maioria da população neste momento (cerca de 67%) já é contra o golpe.

Mas se Dilma voltar, qual será o novo cenário?

Dilma terá sua legitimidade dobrada e sua idoneidade atestada. Isto é muito forte.

O banho de povo que a presidenta está tomando também há de lhe fazer bem. Esperamos um governo mais à esquerda e mais voltado exatamente para os pobres.

Temer, que passará a ostentar na testa para todo o sempre a cicatriz risonha e corrosiva onde se lê GOLPISTA deverá sofrer o castigo amargo de sua aventura. Deverá renunciar.

Aécio Neves, duplamente derrotado, sairá muito enfraquecido do episódio. Pode ser até que tenha de deixar a presidência do PSDB, além da possibilidade em aberto de seu processo no STF, onde não se descarta a prisão.

José Serra, empenhado em destruir todo o trabalho diplomático edificado em anos anteriores de elevar a importância do Brasil no cenário mundial, sofrerá a humilhação de ver tudo voltar à normalidade. Seu sonho de vir a ser presidente vai virar um pesadelo.

Eduardo Cunha, derrotado em seu projeto golpista e já sem função dentro do consórcio constituido somente para tirar Dilma do poder, deverá enfim ser preso.

O senador Anastasia também é outro que deverá ser investigado pelo STF.

A mídia, principalmente a Globo, Estadão, Folha e Abril, por perderem a oportunidade de se apresentarem como pluralistas e optarem por insuflar o golpe, terão cada vez menos credibilidade e enfrentarão cada vez mais a concorrência da internet.

O STF, uma vez conquistado o reajuste salarial pretendido, poderá, enfim agir em defesa da Constituição, prendendo muitos dos políticos com foro privilegiado.

Lula poderá ser a moeda de troca do STF. Destrói-se o golpe, reconduz-se a presidenta ao poder, recupera-se a Democracia, mas em contra-partida prende-se Lula para que ele não possa disputar as eleições em 2018. Mas falta combinar com o povo.

Há atores menores que também traçaram seu futuro na aventura golpista.

É o caso de Janaína Paschoal que, de carro novo comprado com os 45 mil do PSDB, enfrentará o desconforto de ser uma professora sem nenhuma credibilidade junto aos seus alunos.

Miguel Reale Jr. será até o fim de sua vida apontado como co-autor de um parecer fraquíssimo, incapaz de servir de base ao impeachment de uma presidenta.

Hélio Bicudo, já no final da vida, queimou sua respeitável biografia. Não será lembrado como o homem que enfrentou o esquadrão da morte, mas sim como o jurista que agiu por sentimento de vingança e foi incapaz de discernir entre o Direito e o rancor.

E depois disso tudo, passamos à contagem regressiva para 2018, cujo cenário é por demais nebuloso neste momento.


2 comentários:

  1. A preocupação maior, caso Dilma volte, é saber as condições de governabilidade que terá que enfrentar. Vai ser uma dura batalha !

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    1. Exato, Cintya, há excesso de otimismo na análise acima. Nunca ouvi falar que bandidos desta laia tivessem vergonha. Ao contrário, penso que Dilma sofrerá mais e mais obstruções, começando pelo STF e PGR, os pivôs do golpe.

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