sábado, 14 de maio de 2016

Depois do golpe, a ditadura

Por Fernando Castilho





As palavras-chave do governo Temer são golpe, ilegitimidade, neo-liberalismo, privatizações em massa, extinção de programas sociais e repressão aos movimentos sociais. Está fechado o círculo que lhe dá a cara de uma ditadura.

O golpe foi dado. Todos nós já o esperávamos porque para o consórcio que se formou para derrubar a presidenta eleita não importava se houve crime de responsabilidade ou não. A decisão foi meramente política porque faz parte da agenda.

Mas até onde vai essa agenda?

Michel Temer assumiu o governo e tratou rapidamente de dar uma cara ao seu ministério.
Há entre os novos ministros 7 investigados pela Lava-Jato.

Não há nenhuma mulher e nenhum negro em sua equipe de governo.

Foram extintos os ministérios da Cultura, Previdência Social, Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos, ou seja, tudo aquilo poderia importar às minorias.

As medidas impopulares ou como chamam, o pacote de maldades de Temer são muito numerosas e atingem, como era de se esperar, o trabalhador e as pessoas mais humildes.

Os programas sociais sofrerão revisão ou até mesmo extintos.

As privatizações voltarão com força ao cenário brasileiro.

O pacote de maldades pretende se estender até a extinção da Saúde e Educação públicas!

E a Controladoria Geral da União, hein? Extinta. Ninguém vai mais investigar nada dentro do governo.

Para o ministério da Justiça foi chamado o ex-secretário de Segurança Pública de Alckmin, aquele que reprimiu violentamente os estudantes secundaristas que ocupam escolas e que ocuparam a Alesp. É este homem que foi premiado pelos seus valorosos serviços prestados em São Paulo, o estado mais fascista do Brasil.

Alexandre de Morais, é este o nome, já prometeu que irá reprimir os movimentos que fizerem manifestações ''violentas''. As aspas vão por conta de que é ele quem julgará o que é manifestação pacífica ou violenta.

E é aí o ponto nevrálgico da política neo-liberal que Temer quer implantar.

O povo de maneira geral, aquele que vive no Brasil mais profundo ou que não está ainda bem informado do que está acontecendo, ou que ainda está perplexo tentando se convencer de que tudo não passa de um pesadelo, ao sentir no bolso o vazio que essa política vai lhe provocar, poderá se juntar aos protestos contra o golpe que ocorrem em todo o país.

Para não dar tempo para que essa percepção ocorra, o Senado não esperará muito para proceder à votação do impeachment.

Mas se o povo em grande número sair às ruas, Alexandre Morais fará uso das Forças Armadas para conseguir reprimir o movimento. E aí caberá à mídia se autocensurar e não mostrar as barbáries cometidas. Como após 1964.

Para completar a agenda golpista, Lula terá que ser preso, não importa que não haja crime algum cometido, pois o consórcio não correrá o risco de vê-lo candidato em 2018.

No mais a Lava-Jato será desativada aos poucos, os empreiteiros serão soltos pois Temer precisa deles pra concluir as obras de Dilma e posar para as fotos.

Pois bem, se ainda alguém não percebeu, após a Constituição ter sido rasgada, após o Estado de Direito estar sendo desrespeitado com as mais variadas arbitrariedades, inclusive por parte do STF, já estamos vivendo numa ditadura.

Por enquanto ela não é militar.

Para acabar com tudo isso e voltarmos à normalidade, só precisamos convencer 5 senadores a votarem contra o golpe. A pressão tem que ser feita em suas bases eleitorais, já que em 208 há eleições para renovação de dois terços do Senado.

Dilma ainda pode voltar.




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