sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Apocalípse now?

Por Fernando Castilho


Sim, eu lí ''Inferno'' de Dan Brown.
No livro, Robert Langdon, o mesmo personagem de ''O Código da Vinci'', tenta evitar uma catástrofe que envolverá toda a humanidade, desvendando obras relacionadas ao épico poema de Dante Alighieri, a "Divina Comédia".

O que mais chama atenção no livro é a obsessão de um dos personagens, Bertrand Zobrist em mostrar que a população da Terra está em um número acima de sua capacidade em fornecer recursos. Para esse personagem, a situação da Terra seria como uma população de algas num lago se reproduzindo sem um predador. A população aumentaria exponencialmente até que faltariam nutrientes e oxigênio, causando a extinção em massa das algas.

Embora haja uma significativa diferença entre seres humanos e algas, uma vez que estas não produzem seu próprio alimento, há que se levar Zobrist em consideração, principalmente quando ele fala no crescimento exponencial da população já alertado no fim do século XVIII por Thomas Malthus no livro ''Ensaio sobre o princípio da população''.

Malthus criou um modelo matemático, conhecido como Lei de Malthus, que tinha como objetivo calcular o crescimento demográfico no curto prazo (10 a 20 anos). De acordo com ele, este modelo seria muito importante para os países poderem fazer previsões de curto prazo sobre o crescimento populacional, podendo tomar medidas para evitar problemas de ordem demográfica.


A teoria malthusiana recebeu várias críticas de economistas, sociólogos e geógrafos nos anos seguintes à sua publicação. Estes críticos consideravam esta teoria muito pessimista e desumana. Pessimista, pois ela apontava para um cenário social mundial negativo, caso não fossem tomadas medidas de controle de natalidade. Desumana, pois defendia a redução da natalidade, principalmente entre os mais pobres.

Segundo Wesley Santos, biólogo e mestrando em Doenças Tropicais pela Unesp, em seu blog ''Do nano ao macro'',  ''é nítido que, quando vemos o gráfico do crescimento humano, a população parece estar no ritmo de mais nascimentos do que mortes. Tanto, que só nos Estados Unidos, nasce uma pessoa a cada 8 segundos, quanto uma pessoa morre a cada 12 segundos.''

Bertrand, o personagem vilão de ''Inferno'', conversando com a diretora da OMS, Organização Mundial da Saúde, diz: ''Pense no seguinte: a população da Terra levou milhares de anos, desde a aurora da humanidade até o início do século XIX para atingir um bilhão de pessoas. Então, de forma estarrecedora, precisou apenas de uns cem anos para duplicar e chegar a dois bilhões, na década de 1920. Depois disso, em meros cinquenta anos, a população tornou a duplicar para quatro bilhões na década de 1970. Como a senhora pode imaginar, muito em breve chegaremos aos oito bilhões.''

Bertrand Zobrist diz que as ações de planejamento familiar não dão certo (tanto que o mundo não para de ter gente). Mas Wesley Santos acredita que o grande problema seja o descaso público com a educação (que aflige principalmente países e áreas pobres). Regiões do globo onde o nível de educação entre a população é mais elevada, como na Europa, a taxa de fecundidade está abaixo do chamado ''nível de reposição'', que é de dois filhos por mulher, ficando por volta de 1,57 filho por mulher. Em alguns países, principalmente os Escandinavos, o governo fornece ajuda financeira para casais que tiverem mais de um filho.

Além disso, é sabido que algumas populações controlam a taxa de fecundidade frente a limitações e pressões do meio. Dados da fertilidade norte-americana ilustram bem esse controle. Antes da 2ª Guerra Mundial, a taxa de fecundidade era, em média, 2,2 filhos por mulher (entre os períodos de 1930-1944). A taxa, para a época, é relativamente baixa. Isso pode ser explicado pela grande crise americana (e mundial) que ocorreu com a famosa Queda da bolsa de 29 (um ano antes desses dados). Entretanto, após a 2ª Guerra, a taxa de fecundidade subiu para 3,35 filhos por mulher (período de 1944-1964). As expectativas de novas oportunidades e a realização do ''sonho americano'' embalaram o pessoal para a explosão demográfica. Sim, você conhece essa época como baby boom. Graças a esse aumento de fecundidade por mulher não só nos EUA, mas no mundo, a Terra viu, desde a 2ª Guerra até hoje, receber mais de 4 bilhões de pessoas.

É necessário considerar também que, além do problema do crescimento exponencial da população acompanhado por um aumento da produção de alimentos apenas em progressão aritmética, há outras três questões por enquanto e talvez definitivamente insolúveis: a destinação de resíduos (lixo), a ''produção'' de energia e as alterações climáticas.

James Ephraim Lovelock, renomado cientista e pesquisador independente e ambientalista, que nos anos 70 sugeriu a Hipótese de Gaia (a idéia de que nosso planeta é um superorganismo que, de certa maneira, está "vivo" ) com base nos estudos de Lynn Margulis, para explicar o comportamento sistêmico do planeta Terra, afirma que o aquecimento global é irreversível, e que mais de 6 bilhões de pessoas vão morrer neste século. Leia a matéria completa aqui

Na visão de Lovelock, até 2020, secas e outros extremos climáticos serão lugar-comum. Até 2040, o Saara vai invadir a Europa, e Berlim será tão quente quanto Bagdá. Atlanta acabará se transformando em uma selva de trepadeiras kudzu. Phoenix se tornará um lugar inabitável, assim como partes de Beijing (deserto), Miami (elevação do nível do mar) e Londres (enchentes). A falta de alimentos fará com que milhões de pessoas se dirijam para o norte, elevando as tensões políticas.

Até o final do século, segundo o cientista, o aquecimento global fará com que zonas de temperatura como a América do Norte e a Europa se aqueçam quase 8 graus Celsius - quase o dobro das previsões mais prováveis do relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, a organização sancionada pela ONU que inclui os principais cientistas do mundo. "Nosso futuro", Lovelock escreveu, "é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane".

Para Lovelock, reduções modestas de emissões de gases que contribuem para o efeito estufa não vão nos ajudar - já é tarde demais para deter o aquecimento global trocando jipões a diesel por carrinhos híbridos. E a idéia de capturar a poluição de dióxido de carbono criada pelas usinas a carvão e bombear para o subsolo? "Não há como enterrar quantidade suficiente para fazer diferença." Biocombustíveis? "Uma idéia monumentalmente idiota." Renováveis? "Bacana, mas não vão nem fazer cócegas." Para Lovelock, a idéia toda do desenvolvimento sustentável é equivocada: "Deveríamos estar pensando em retirada sustentável".

James Lovelock
Ainda, para Lovelock, a ideia de reciclagem de lixo é boa, porém, apenas retarda um pouco o caos que virá. É como retirar com as palmas das mãos a água que está enchendo continuamente a canoa furada.

Em que pese todo o horror, a peste negra que se espalhou pela Europa durante a Idade Média, e que dizimou um terço da população, cerca de 25 a 75 milhões de pessoas, acabou por retirar o continente do período da idade das trevas e adentrar na Renascença, a época mais fértil para o florescimento das artes.

Embora se possa achar que os autores aqui citados sejam pessimistas ou alarmistas demais, é por demais importante considerar seu pensamento.

Porém, qual a proposta? Reduzir drasticamente a população, como quer Bertrand? Ou se proceder a um controle de Estado sobre a natalidade? Ou ainda deixar as coisas acontecerem, já que não há o que fazer, segundo Lovelock?

A segunda opção é bem difícil de se por em prática porque envolve os mais diversos governos autônomos do planeta. Há países, inclusive, como o Japão, que vêm tentando estimular o nascimento de mais crianças a fim de resolver seu grave problema de previdência social, uma vez que o número de velhos é muito grande.

Já a primeira opção pode estar sendo posta em prática bem diante de nossos olhos, sem que percebamos.

Trata-se para muitos, de teoria da conspiração, e pode ser apenas só isso mesmo, mas é preciso lembrar que há muitas dúvidas com relação ao aparecimento de novos vírus que vêm dizimando grande número de pessoas desde a década de 1980, como a AIDS, o ebola ou o novo chikungunya. De onde els vieram, alguém os criou?

Ainda, dentro do terreno da teoria da conspiração, a Fema, Agência Federal de Gerenciamento de Emergências dos Estados Unidos, preparou um lote de 1.000.000 caixões de plástico rígido e os estocou no estado da Georgia, perto de Atlanta. Estima-se que sua encomenda à empresa POLYGUARD chegue a 25 milhões de caixões.

caixões da Fema
Por que isso? O que os americanos estão esperando ou preparando?

Esquecendo um pouco as teorias da conspiração e voltando à realidade palpável dos acontecimentos, como o próprio Lovelock diz, não há lideranças na Terra que possam comandar uma resposta às questões colocadas.

E é verdade. As duas maiores lideranças do planeta, hoje, Barack Obama e Xi Jinping, presidente da China, não estão preocupados com o meio ambiente. Obama se preocupa com guerras e com o poder econômico que está perdendo para o rival chinês. E este se preocupa em tornar a China o país mais rico do mundo, não poupando a degradação ambiental para isso.

É certo que ainda há na Terra, alimento, recursos e área disponível para abrigar talvez, 3 a 4 vezes a população de nosso planeta, basta apenas fazer alguns cálculos aritméticos primários para se constatar isso, mas a distribuição disso tudo passa obrigatoriamente pela mudança do sistema capitalista para o socialista, a nível global, mas é claro que nenhum governo, nenhuma corporação vai querer isso. Mais, as elites que mandam no mundo jamais admitiriam repartir seu pão com os mais pobres. Além disso, 3 a 4 vezes a população atual do planeta pode ser atingido nos próximos 30 a 40 anos. E depois disso?

Para Lovelock, o futuro será implacável demais para com a humanidade. Ele conta a história de um acidente de avião, anos atrás, no aeroporto de Manchester: "Um tanque de combustível pegou fogo durante a decolagem", recorda. "Havia tempo de sobra para todo mundo sair, mas alguns passageiros simplesmente ficaram paralisados, sentados nas poltronas, como tinham lhes dito para fazer, e as pessoas que escaparam tiveram que passar por cima deles para sair. Era perfeitamente óbvio o que era necessário fazer para sair, mas eles não se mexiam. Morreram carbonizados ou asfixiados pela fumaça. E muita gente, fico triste em dizer, é assim. E é isso que vai acontecer desta vez, só que em escala muito maior."















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