domingo, 9 de novembro de 2014

Cadê o gigante?

Por Fernando Castilho


Era 6 de junho de 2013.

O movimento Passe Livre saíra às ruas para protestar contra o aumento de 20 centavos na tarifa dos ônibus. Arnaldo Jabor no Jornal da Globo foi duro naquela noite. Disse que não era possível tolerar tamanha baderna, que era necessária a repressão, e blá, blá, blá.

Já no dia seguinte o mesmo colunista, certamente orientado pelo patrão que enxergara ali a oportunidade de forçar a queda da alta popularidade da presidenta Dilma, passou a apoiar o movimento.

A mídia tratou então de fazer cócegas no gigante.
O gigante então acordou.
Saiu às ruas e disse que não era pelos 20 centavos.
Era por mais. (continue a ler)

O que o gigante queria?
Melhor saúde, educação, segurança, transporte público, maior participação popular e reforma política.

Durante toda a campanha pela reeleição, Dilma Rousseff procurou esclarecer que saúde e educação são competências compartilhadas com estados e municípios, e que o governo federal só tem feito aumentar os investimentos nessas áreas.

Dilma esclareceu ainda, que segurança é competência exclusiva dos governadores dos estados.

A presidenta lembrou também que o transporte público, apesar de ser responsabilidade de estados e municípios, vem recebendo especial atenção do governo federal, uma vez que fazem parte do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento.

Restaram então a participação popular e a reforma política.
Pois bem, o projeto de participação popular acaba de ser rejeitado pela Câmara dos Deputados, onde não faltou comemoração dos parlamentares pela sua derrubada.

A mídia, contrária desde o início ao projeto, pouco destaque deu. Não quis desta vez saber de acordar o gigante novamente.

A imprensa trata agora de tentar caracterizar o projeto como sendo bolivarianista, um passo para o comunismo. Certamente o gigante, influenciado pela mídia, tratará agora de rejeitar aquilo que pediu em junho.

O mesmo ocorre com a reforma política.
A quem interessa?

Às grandes empresas, que fazem doações aos partidos em época de eleição, certamente não. Elas querem usufruir de benesses depois. Querem continuar a fazer girar a roda da corrupção, que lhes é favorável.

Procurando ligar as iniciativas do governo a um suposto projeto bolivarianista, a mídia trata de preparar terreno para repudiar o que considera seu maior algoz: a regulação econômica da mídia.

Certamente haverá de martelar dia e noite que todos esses projetos fazem parte de uma agenda destinada a fazer o Brasil avançar rumo ao comunismo.

Não faltarão patetas a cerrar fileiras com a mídia, achando que com isso estarão cumprindo se dever patriótico.


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