sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A autodesqualificação de Marina

Por Fernando Castilho


Pancadômetro do Bom dia Brasil

O blogueiro assistiu aos vídeos das entrevistas dos candidatos a presidente do Brasil nas próximas eleições, Dilma Rousseff e Aécio Neves ao Bom dia Brasil da Rede Globo.

Assistiu também a conversa amena dos jornalistas do programa com Marina Silva.
Após isso, foi inevitável se inventar o pancadômetro, um método estatístico científico destinado a medir, numa escala de 0 a 10, as pancadas que os jornalistas Míriam Leitão, Ana Paula Araújo e Chico Pinheiro deram nos candidatos entrevistados.

Mas é sério que o blogueiro assistiu Marina com olhos de quem gostaria de ouvir propostas diferentes, inovadoras, já que ela diz representar a nova política, afinal, não é afeito a desqualificação pura e simples de quem quer que seja.


Mas não foi o que viu.
O blogueiro não conseguiu descobrir se o grande número de bobagens que a candidata disse, aconteceram por desconhecimento de causa, despreparo, ou malandragem de quem quer a todo custo vencer as eleições.

Ao telespectador dos programas matinais, seu discurso, por ter sido ininteligível, pode bem ter servido, mas para quem teve o interesse de se informar sobre o que ela pensa, a impressão que deve ter ficado na mente é realmente muito decepcionante.

O blogueiro pinçou, não fora de contexto, algumas de suas afirmações constantes na transcrição da entrevista.

Ao mesmo tempo, procurou questionar a candidata como acha que os entrevistadores deveriam tê-lo feito. Mas não fizeram...

"Nós vamos fazer com que o Brasil volte a crescer. Uma boa parte do capital que o Brasil precisa não é tangível, é intangível. É confiança, credibilidade, respeito a contrato, criar um ambiente que favoreça os investidores a voltar a investir no Brasil. Isso só será possível com um governo que tenha legitimidade e que, de antemão, estabeleça o seguinte: nós não vamos nos aventurar em política econômica, não vamos inventar a roda"
Míriam Leitão: Respeito a contrato? Há contratos sendo desrespeitados? Cite alguns, candidata.

''Criar um ambiente que favoreça os investidores a voltar a investir no Brasil.''
Míriam Leitão: Candidata, a senhora não acha que ultimamente várias empresas tem investido no Brasil? Tais como: GE, Cisco, IBM, Siemens, 3M, a francesa Schlumberger e as americanas Halliburton e Baker Hughes. Além disso, marcas de automóveis de luxo como BMW, Mercedes e Audi não acharam interessante investir no Brasil?

''Isso só será possível com um governo que tenha legitimidade.''
Chico Pinheiro: Candidata, a senhora considera que o atual governo não foi eleito democraticamente? Não tem legitimidade?

"Agora nós temos o nosso país com baixa credibilidade, pouco investimento, juros altos que favorecem o baixo investimento".
Míriam Leitão: Candidata, a senhora não acha que, se o Banco Central ganhar independência, como quer seu programa de governo, os juros podem ficar sem controle e subir ainda mais?

Marina também propôs a criação de um "conselho de responsabilidade fiscal", novo órgão que teria independência para verificar as contas do governo e dar mais transparência aos gastos públicos, de modo a evitar a "ineficiência" e o "desperdício".
Ana Paula Araújo: Candidata, a senhora não considera que existe o Portal da Transparência da Controladoria Geral da União, onde se pode consultar todos os gastos e investimentos do Governo Federal? E que possui credibilidade por ser fiscalizado diariamente por nós, da mídia, e pela oposição?
Míriam Leitão, a esta altura, gaguejando muito, quase tendo uma síncope: Can-candidata, a se-senhora não acha que o Tribunal de Contas da União já é responsável por fiscalizar os gastos do governo?

Míriam Leitão, após a síncope
Segundo Marina, o papel do conselho vai ser complementar ao do TCU, para evitar o que ela chamou de "contas criativas" do governo e gastos desnecessários.
Míriam Leitão: Can-can-candi-candidata, como assim, e o Portal da Transparência?
Ana Paula Araújo: A senhora já pesquisou no Portal sobre as ''contas criativas''? Se achou, por que não as denunciou?

Questionada sobre a inflação, Marina disse que manterá a meta em 4,5% ao ano, e não uma diminuição deste patamar, como havia proposto Eduardo Campos, que era o candidato do PSB até agosto, quando morreu num acidente aéreo. Indagada sobre o que faria com os preços regulados pelo governo, como energia e gasolina, a candidata disse que Dilma deveria resolver a questão (sic).
Míriam Leitão, após ter tomado um calmante: Candidata, como fará para reduzir a inflação a 4,5% Por decreto? Ou cortando programas sociais? Pois a conta não fecha se não adotar medidas impopulares.
Chico Pinheiro: Mas é pra Dilma resolver a questão? Não é a senhora que será eleita presidente?

Segundo ela, a presidente está “manipulando os preços administrados para ter bons resultados no que concerne a inflação – e mesmo assim ela está alta – para ganhar dividendos políticos”.
Míriam Leitão: Mas a senhora não acha que essa é a obrigação da presidenta? Não acha que ela tem que administrar para poupar o bolso do trabalhador? Que deverá liberar o gargalo aos poucos, a partir do ano que vem?

Para ela, a eventual atualização das regras dos trabalhadores terceirizados buscaria "manter os direitos já conquistados e ampliar aqueles que os trabalhadores ainda precisam conquistar". Marina foi enfática ao afirmar que a atualização se daria apenas para as atividades meio que, segundo ela, ainda não dá "segurança jurídica" aos empregados e aos empregadores, diferentemente do que propõe o texto em tramitação no parlamento.
Chico Pinheiro, nervoso: Candidata, a lei existe e está aí para ser cumprida. A ''segurança jurídica'' existe, e a senhora, como presidente, não poderá interferir com o poder judiciário.

Ao ser questionada sobre se pretende mexer nas regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), Marina Silva disse que não fará reformas na legislação trabalhista, mas apenas tentará buscar uma "atualização" para que direitos possam "ser criados".
Ana Paula Araújo: Candidata, que direitos podem ''ser criados''? Como assim? Quais? A senhora pode citar algum?

"Nós achamos que há um processo complexo em relação a CLT e que se você vai mexer em tudo isso cria um problema de insegurança para os trabalhadores que a duras penas conquistaram esse direito. Nós não vamos mexer na CLT", enfatizou.
Chico Pinheiro, já desesperado: Mas vai mexer ou não? Acabou de dizer que sim, mas antes disse que não?!

"O que enfraquece os bancos é pegar o dinheiro do BNDES e dar para meia dúzia de empresários; uma parte deles falida, alguns que deram, enfim, um sumiço em bilhões de reais do nosso dinheiro... Esses sim, nós vamos parar com o mau uso".
Míriam Leitão: A senhora poderia citar quem são essa meia dúzia de empresários falida? Acusação sem fundamento é grave. A senhora consultou o Portal da Transparência?

"Há necessidade de incentivos para que a indústria e o emprego possam ser protegidos. Isso aconteceu em 2008 naquele momento de fragilidade. O problema é que a continuação do remédio mesmo quando o paciente já deveria ir se preparando para ter autonomia cria situação de dependência", afirmou.
Míriam Leitão, após o efeito do calmante ter passado, e a ponto de surtar: Ma-mas candidata, co-como é que é? Situação de dependência? Mas se Lula e Dilma não tivessem dado incentivos, além de desonerar produtos de impostos, o Brasil não teria resistido à crise internacional, não? E a indústria, mesmo assim, não está nos seus melhores dias. Retirar o remédio não mataria o paciente?

Marina disse que vai enviar, no primeiro mês de governo, uma proposta de reforma tributária que busque justiça, transparência e simplificação no pagamento. Na questão trabalhista, disse que não vai eliminar direitos e benefícios, mas que vai ampliar a formalidade no mercado de trabalho.
Ana Paula Araújo, já irritada: Mas candidata, já está no Congresso um Projeto de Reforma Tributária, desde 28 de fevereiro de 2008! A senhora não sabe disso?

Na questão dos grãos transgênicos, Marina disse que sempre defendeu um “modelo de coexistência”, com culturas modificadas geneticamente e naturais.
Chico Pinheiro, agora perdendo a estribeira, à beira de um ataque de nervos, assim como o blogueiro: Bem, candidata, isso é o que se pode chamar de mentira por conveniência do momento. A senhora sempre foi contra os transgênicos, no que estava muito certa. Temos muitos vídeos sobre isso no nosso acervo.

Marina também comentou sobre o fato de ter chorado ao falar sobre Lula após uma recente entrevista. Ela negou tratar-se de fragilidade e sim que é uma pessoa “sensível”. Atribuiu o episódio ao “pesar” de suas filhas, que se vestiam de vermelho quando crianças por simpatia ao PT e que agora não têm mais orgulho do partido.

Chuck Norris apareceu de repente no estúdio e, irritado, chutou as câmeras e acabou com a entrevista.

Se houver segundo turno, será vantajoso para Dilma, que Marina tenha o mesmo tempo que ela na TV.

Marina Silva, mãe das menininhas que se vestiam de vermelho





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