sábado, 16 de agosto de 2014

Marina morena, você se pintou...

Por Fernando Castilho


Pessoal, agora é oficial. Marina Silva praticamente já é a candidata do PSB.

Mas não vamos nos enganar.

Marina Silva já havia dado uma ''perdida'' quando não conseguiu registrar seu partido, a Rede Sustentabilidade, reaparecendo de repente, sem consultar seus seguidores, ao lado de Eduardo Campos. Essa é uma parte do perfil da moça.

Após a morte de Campos, quem, mais que ninguém queria Marina como cabeça de chapa do PSB?
Ficou muito claro nas manchetes e nos comentários dos colunistas, que a preferência da mídia é realmente pela acreana.


Ficou evidente na entrevista do Jornal Nacional, que os jornalões já descartaram Aécio Neves, até então seu preferido. Desde o episódio da denúncia pela Folha de São Paulo, da reforma do aeroporto de Cláudio, que já se ensaiava essa defenestração.

A queridinha agora é Marina. Por que?
Em que pese a existência de uma possibilidade técnico-jurídica de José Serra substituir o senador mineiro até 15 de setembro, sabe-se que há uma enorme dificuldade para que isso se viabilize. Aécio é vaidoso e não largará o osso.

E se a coisa continuar do jeito que está, provavelmente Dilma levará no primeiro turno.

Para a mídia isso é inaceitável. É necessário que haja um segundo turno para que se tenha tempo para uma tentativa de virada de jogo. E aposta agoras é em Marina.

Mas Marina conseguiria ir para o segundo turno? Será que ela dispõe dos mesmos 20 milhões de votos de 2010? Acho que não. Se dispusesse, esse legado já teria beneficiado Eduardo Campos nas pesquisas. Marina não tem mais a força que tinha.

Vamos analisar a hipótese de Marina ir para o segundo turno. Iria com quem? Certamente ela roubaria mais votos de Aécio, além de usufruir de uma grande parcela de indecisos ou que votariam nulo, justamente aqueles que estão descontentes ou desiludidos com a política ''tradicional'', geralmente jovens sem a devida vivência do que foi a política em outros tempos no país. E a mídia faria um esforço sobrenatural para que isso acontecesse, podem estar certos.

Marina iria com Dilma para o segundo turno, mas, ao contrário de Eduardo Campos, a acreana seria alvo fácil para Dilma, devido à várias contradições em sua biografia antes e mesmo agora. Contradições que chegam às raias do puro oportunismo.

E se Marina vencer as eleições? Qual seria o quadro em 2015?

Ora, segundo a Folha , para viabilizar seu nome como cabeça de chapa, em reunião em sua casa com dirigentes do PSB e da Rede, Marina abriu mão da nova política, abriu mão de sua resistência em dividir palanques com candidatos como Geraldo Alckmin do PSDB, abriu mão de seu discurso ambientalista para se alinhar ao discurso desenvolvimentista. O agronegócio já não teme mais Marina Silva. Pode haver uma reviravolta na reunião marcada para quarta-feira, mas parece que já está tudo azeitado.

Ou seja, Marina, a morena se pintou.

Agora ficou claro que Marina Silva passou para o lado escuro da Força. Tudo em nome de sua ambição pelo poder. A direita pode comemorar.

E o PSB comete um erro do qual irá se arrepender amargamente ao permitir que Marina saia para a Rede Sustentabilidade assim que ela quiser ou puder, como foi decidido.

Estejam certos que se Marina se eleger, será dominada pelas forças conservadoras, e experimentaremos um retrocesso neoliberal a níveis dos tempos de FHC. É isso que a elite e a mídia querem. Desde cedo apoiaram a ex-senadora pois já sabiam que bastaria acenar com bijuterias para que ela encampasse seu projeto.

Talvez não valha a pena o PSB vencer uma eleição nessas condições.

A grande resistência ao nome de Marina, o novo presidente Roberto Amaral, que nunca engoliu a aliança feita por Eduardo Campos, capitulou diante da pressão.

Chegaram a circular boatos de que Luíza Erundina poderia ser a escolhida.
Erundina poderia ser o nome de fato pois está há muitos anos no PSB, alinhada de certa forma ao partido, já foi prefeita de São Paulo e, embora não tenha sido reeleita, muita gente ainda acha que ela fêz uma boa administração.

Mas Luíza Erundina, embora pudesse enriquecer o debate político, representava um perigo maior que Marina. Além da continuidade dos programas sociais, é possível que ela quisesse ir além, sem essa certa timidez que Dilma e Lula às vezes aparentam.
Erundina não é uma boa para as elites. E nem para a mídia, já que ela é defensora da democratização dos meios de comunicação.

Erundina não se venderia por bijuterias baratas.

Se o partido não houvesse já se decidido por Marina, na opinião do blogueiro, o caminho mais seguro para o PSB seguir seria já articular uma composição com o PT, passando a fazer parte do próximo governo, aliás como desejava Roberto Amaral antes da aventura de Campos com Marina.

Outra possibilidade, talvez para não fazer ''feio'' agora, capitulando, teria sido colocar como cabeça de chapa um nome sem grande expressividade. Se Dilma levasse no primeiro turno, o PSB passaria a fazer parte do governo. Se passasse para o segundo turno, o PSB a apoiaria.

De qualquer forma, o PSB resolveu o imbróglio da pior forma possível.





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